O Museu do Louvre usou seu próprio nome como senha. O que a sua empresa pode aprender com isso?

O Museu do Louvre usou seu próprio nome como senha. O que a sua empresa pode aprender com isso?

Quando pensamos no Museu do Louvre, localizado em Paris na França, logo vêm à mente obras que atravessaram séculos — a Mona Lisa, a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia. Um espaço que simboliza história, arte e excelência em preservação. 

Entretanto, no último mês, uma notícia inesperada surpreendeu o mundo: criminosos roubaram joias raras em exposição no museu durante o horário de visitação, sem que ninguém os percebesse.

O que inicialmente parecia um episódio trágico de furto ganhou proporções ainda maiores quando, paralelamente, veio à tona uma falha no sistema de segurança digital da instituição.

De acordo com informações apuradas pelo grupo CheckNews e divulgadas pelo jornal Libération, o sistema de vigilância do Louvre apresentava falhas graves de segurança. Entre elas, o uso de senhas extremamente fracas — sendo uma delas, o próprio nome do museu:  Louvre.

Relatórios técnicos revelaram que essas vulnerabilidades não são recentes. Há pelo menos dez anos, o museu operava o sistema de monitoramento e controle de acesso, conhecido como Sathi, em uma infraestrutura ultrapassada, com softwares desatualizados e servidores ainda baseados no Windows Server 2003, cuja descontinuação ocorreu em 2015.

Segundo especialistas em cibersegurança, foi possível acessar a rede interna do museu por meio de estações administrativas e, a partir delas, manipular permissões e credenciais — o que demonstra que parte dos ataques poderia ser executada remotamente, sem a necessidade de presença física no local. Senhas genéricas como “THALES”, nome da empresa responsável pelo fornecimento do sistema, também contribuíram para facilitar o roubo.

Se isso acontece no Louvre, imagine no dia a dia das empresas

Esse caso tem se tornado um alerta global sobre o descuido com medidas básicas de proteção digital, reforçando a importância de políticas consistentes de autenticação, atualização de sistemas e gestão de acessos. Se até instituições com orçamentos milionários e equipes especializadas podem cometer erros básicos, o que dizer de empresas que ainda negligenciam práticas simples de proteção digital?

E esse não é um risco distante. No Brasil, golpes cibernéticos baseados em engenharia social — quando o criminoso manipula o usuário a entregar informações sigilosas — cresceram 65% no último ano. A Serasa estima que há uma tentativa de fraude de identidade a cada sete segundos no país. Em boa parte dos casos, o problema não é a tecnologia, mas o comportamento do usuário. Além disso, 58% dos brasileiros não atualizam suas senhas com frequência, e combinações como “123456” ainda figuram entre as mais utilizadas. Isso significa que, muitas vezes, o próprio usuário deixa a porta aberta para ataques.

O perigo das senhas fracas e o avanço dos ataques automatizados

Hoje, ataques cibernéticos são automatizados. Programas testam milhões de combinações de senhas vazadas em segundos. Se uma senha é descoberta em um serviço, ela é automaticamente testada em outros — um método conhecido como credential stuffing. Ou seja, mesmo uma senha aparentemente “forte” pode se tornar vulnerável caso tenha sido reutilizada em várias plataformas.

Além disso, criminosos exploram emoções como urgência, medo e confiança para convencer vítimas a liberar códigos de autenticação ou dados de acesso. Por isso, é importante ter em mente que focar em utilizar apenas uma senha simples como forma de proteção nunca vai ser o suficiente.

O que sua empresa pode aprender com o caso do Louvre

O caso do Louvre deixou uma mensagem clara: não existe segurança absoluta, entretanto, existem práticas que reduzem — e muito — as chances de exposição. Muitos negócios cometem o erro de tratar a cibersegurança apenas como um gasto técnico. Na realidade, as empresas devem integrá-la à estratégia de continuidade e à proteção da reputação.

Felizmente, os aprendizados desse episódio vão muito além das paredes de um museu. Eles demonstram, portanto, o que qualquer organização — de qualquer porte ou segmento — pode fazer hoje para fortalecer suas defesas digitais e evitar vulnerabilidades semelhantes.

A seguir, estão as principais práticas que as empresas devem adotar — e o que o caso do Louvre nos ensina sobre cada uma delas:

1. Fortalecer a autenticação com senhas seguras e exclusivas

Senhas curtas, repetidas ou óbvias — como “Louvre” — são o ponto de partida da maioria dos ataques de força bruta e de vazamentos em cadeia. Uma política corporativa de senhas deve estabelecer regras claras: mínimo de 12 caracteres, mistura de letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos, além da troca periódica e proibição de reutilização. Além disso, cada sistema deve usar credenciais únicas. Isso impede o chamado credential stuffing, quando hackers testam uma senha vazada em um serviço em dezenas de outros.

2. Implementar autenticação multifatorial (MFA)

Mesmo as melhores senhas podem falhar. Por isso, as empresas precisam adotar a autenticação multifatorial. O MFA exige dois ou mais fatores de verificação — como senha e token físico, aplicativo autenticador ou biometria — antes de liberar o acesso. Organizações que lidam com informações sensíveis devem aplicar o MFA em todos os usuários, incluindo terceirizados e executivos, que costumam ser os principais alvos de ataques direcionados.

3. Manter sistemas e infraestruturas atualizados

Um dos pontos críticos no caso do Louvre foi o uso de servidores com sistemas descontinuados, como o Windows Server 2003. Além disso, em ambientes corporativos, manter softwares e firmwares desatualizados equivale a deixar portas destrancadas. Portanto, as atualizações devem seguir uma rotina estruturada de patch management, com monitoramento contínuo e relatórios de conformidade. Dessa forma, é possível reduzir vulnerabilidades conhecidas e, ao mesmo tempo, melhorar a resiliência operacional da empresa.

4. Capacitar pessoas e construir uma cultura de segurança

A tecnologia sozinha não garante proteção. A maior parte das violações têm origem humana — um clique em um link falso, o uso de senhas pessoais em contas corporativas ou o descuido no compartilhamento de informações.
Promover treinamentos regulares de conscientização, simulações de phishing e campanhas internas ajuda a transformar o colaborador em parte da defesa, não da ameaça. A cibersegurança deve ser percebida como responsabilidade coletiva, e não apenas da equipe de TI.

5. Realizar auditorias e testes de intrusão contínuos

Não há segurança sem validação. Testes de intrusão (pentests) e auditorias regulares revelam vulnerabilidades que passam despercebidas no dia a dia.
Eles simulam o comportamento de um invasor real, permitindo que a empresa identifique brechas e corrija falhas antes que sejam exploradas. Além disso, essas práticas fortalecem a maturidade cibernética da organização e ajudam na conformidade com normas como LGPD, ISO 27001 e NIST.

O caso do Louvre nos mostra que vulnerabilidades tecnológicas e humanas podem coexistir até nas instituições mais renomadas. No mundo digital, segurança não é apenas uma questão de tecnologia, mas de cultura organizacional.

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