Nos últimos anos, os ataques cibernéticos deixaram de ser casos isolados e se tornaram parte do dia a dia das empresas. Vazamentos de dados, sequestro de informações por ransomware, fraudes financeiras e invasões de sistemas críticos não são mais acontecimentos restritos a grandes corporações ou bancos. A realidade é que qualquer organização — do pequeno escritório de contabilidade até uma indústria de grande porte — está suscetível. E, infelizmente, muitos gestores ainda tomam decisões baseadas em percepções equivocadas sobre como a segurança funciona.
É justamente aí que mora o perigo: acreditar em ideias ultrapassadas gera uma falsa sensação de proteção, atrasa investimentos essenciais e abre portas para criminosos digitais. Não importa se a empresa tem dez ou mil colaboradores, se atua em uma capital ou em uma cidade do interior, ou se vende produtos físicos ou serviços online. A cada novo relatório divulgado por órgãos de segurança, torna-se evidente que a cibercriminalidade não distingue tamanho ou segmento. Os atacantes buscam fragilidade, e qualquer negócio pode apresentar essas brechas.
Por isso, é fundamental revisar os principais mitos que ainda circulam no mercado e que, muitas vezes, são repetidos até mesmo por profissionais da área. Neste artigo, vamos analisar em detalhes essas crenças, explicar por que elas não se sustentam diante da realidade e mostrar quais práticas realmente fazem diferença na hora de proteger sua empresa.
Mito 1 – “Minha empresa é pequena demais para ser alvo”
Esse é um dos enganos mais comuns. Pequenas e médias empresas acreditam que hackers só se interessam por grandes corporações. Na prática, o cenário é o contrário: criminosos costumam mirar em negócios menores justamente porque sabem que a proteção costuma ser mais frágil e os recursos para resposta são limitados. Além disso, mesmo uma empresa pequena armazena dados valiosos — como informações de clientes, dados financeiros ou acesso a parceiros maiores. Por isso, pensar que “ninguém vai me atacar” é abrir a porta para que isso aconteça.
Mito 2 – “Ter um antivírus já é suficiente”
Antivírus é importante, mas está longe de ser a solução completa. Ele ajuda a bloquear malwares conhecidos, mas não consegue impedir ataques mais sofisticados, como phishing bem elaborado, invasões por senhas roubadas ou exploração de falhas em sistemas desatualizados. Hoje, a segurança precisa ser pensada em camadas, combinando monitoramento contínuo, atualização de sistemas, autenticação forte e respostas rápidas a incidentes. Confiar apenas no antivírus é o mesmo que trancar a porta da frente e deixar as janelas abertas.
Mito 3 – “Segurança é assunto do time de TI”
Embora o setor de TI tenha papel central, a cibersegurança é responsabilidade de toda a empresa. A maioria dos ataques começa com o erro humano: um clique em um link falso, o download de um arquivo suspeito ou o envio de dados para alguém que se passa por fornecedor. Se os colaboradores não forem orientados, qualquer investimento em tecnologia pode ser inútil. Segurança precisa estar na cultura da empresa, com treinamentos constantes e processos claros para evitar falhas simples que geram grandes prejuízos.
Mito 4 – “Senhas fortes já resolvem”
Ter senhas longas e complexas ajuda, mas não é garantia de segurança. Vazamentos em serviços externos, reutilização de senhas e técnicas de roubo de credenciais tornam esse controle insuficiente. O recurso mais eficaz hoje é a autenticação multifator (MFA), que adiciona uma segunda camada de proteção, seja por aplicativo, token físico ou outros métodos mais robustos. Sem MFA, basta uma senha vazada para que um invasor tenha acesso total ao sistema.
Mito 5 – “Celulares e tablets não são prioridade”
Muitos gestores ainda pensam que os dispositivos móveis não representam risco. O problema é que smartphones e tablets concentram e-mails corporativos, credenciais de acesso e documentos importantes. Se a empresa perde, tem um dispositivo roubado ou sofre uma invasão, toda a rede pode ser comprometida. A empresa não pode mais ignorar políticas de segurança para dispositivos móveis, controle de aplicativos e criptografia.
Mito 6 – “Terceirizar segurança resolve tudo”
Contratar um parceiro especializado é uma excelente decisão, mas não significa que a empresa pode esquecer da sua parte. O fornecedor ajuda a monitorar e implementar controles, mas as decisões estratégicas, a cultura interna e o cuidado com acessos continuam sendo responsabilidade do negócio. Além disso, se o parceiro não for bem auditado, pode se tornar um elo fraco na cadeia. A empresa precisa acompanhar de perto a terceirização, estabelecendo métricas claras, realizando revisões periódicas e definindo responsabilidades de forma objetiva.
Mito 7 – “Cumprir normas e regulamentos já garante segurança”
Muitas empresas acreditam que, ao seguir normas como LGPD, ISO 27001 ou padrões do NIST, estão totalmente protegidas. A verdade é que conformidade representa apenas o mínimo exigido por regulamentos e auditorias, mas não cobre todos os riscos do dia a dia. É possível estar em conformidade e ainda ter vulnerabilidades críticas, principalmente se os controles não forem testados na prática ou se a equipe não souber aplicá-los corretamente. A segurança eficaz exige gestão contínua de riscos, monitoramento, testes reais de sistemas e atualização constante das políticas internas.
Mito 8 – “Ter backup é suficiente para se proteger de ransomware”
Ter cópias de segurança é essencial, mas confiar apenas nelas pode gerar uma falsa sensação de segurança. Ransomwares modernos são capazes de detectar e corromper backups que estejam acessíveis no mesmo ambiente da rede atacada. Além disso, se a empresa não testa regularmente os backups, eles podem falhar ao restaurar dados críticos. A estratégia correta inclui usar múltiplas cópias, armazená-las em diferentes mídias e locais (como nuvem isolada ou offline) e realizar testes periódicos de restauração, garantindo que a equipe consiga recuperar os dados de forma segura e rápida.
Mito 9 – “A nuvem é automaticamente segura”
A ideia de que mover sistemas e dados para a nuvem elimina riscos é um equívoco comum. A nuvem oferece infraestrutura gerenciada pelo provedor, mas a responsabilidade sobre dados, acessos, permissões e configurações continua sendo da empresa. Configurações erradas, privilégios excessivos ou falta de monitoramento podem criar vulnerabilidades graves. Portanto, segurança na nuvem exige atenção contínua: políticas de identidade bem definidas, monitoramento de logs, revisão de permissões e automação de correções são práticas indispensáveis para reduzir riscos.
A cibersegurança não pode ser tratada com base em suposições ou mitos. Cada empresa, independentemente do porte, está exposta a riscos e precisa adotar medidas concretas para reduzi-los. Ignorar essas verdades pode custar caro, seja em prejuízos financeiros, interrupção das operações ou perda de credibilidade. O caminho é combinar tecnologia, processos bem definidos e conscientização das pessoas.
Na Immunity, acreditamos que segurança deve ser prática, acessível e adaptada à realidade de cada negócio. Derrubar esses mitos é o primeiro passo para criar um ambiente digital mais seguro e preparado para os desafios atuais.